quarta-feira, 10 de abril de 2013

Contra o futebol moderno


Recebi durante o dia de ontem este texto no e-mail que julgo definir com grande veracidade o que viveram os nossos pais (falando pela malta mais nova) e avós. Pessoalmente ainda vivi algumas (poucas) perspectivas que este texto nos relatam. Este texto não só fala da própria vida mas também numa relação íntima com o ódio que todos destilámos ao futebol moderno (se bem que muitos de nós não tenha vivido o "verdadeiro" futebol, enquanto desporto do POVO). Somos apregoantes da luta contra o futebol moderno mas por vezes até nós dá-mos tiros nos próprios pés, por exemplo, quando aderimos à legalização dos grupos.
Óbvio que sou contra o futebol moderno! Cada vez mais a paixão fica de lado e o que interessa é o dinheiro. Mas acho que a essência não vem das claques mas sim dos clubes em si, cada vez mais monopolizados e transformados em indústrias de fazer dinheiro. Já são raros os casos de jogadores que jogam por amor ao clube e ainda mais raro a lealdade eterna desses jogadores...

Mas nós, a nossa parte, podemo-la fazer. Nós podemos mudar este nosso mundo, aliás, somos os únicos capazes de o mudar. Podemos não chegar a vivenciá-lo, mas ao menos abrimos caminho para os nossos filhos viverem e passarem pela experiência única que os nossos pais passarem que é sentir o verdadeiro futebol à moda antiga ! Luta pelo teu clube, pelo teu grupo, pelo futebol enquanto desporto do POVO, pela alegria e prazer que este desporto te transmite ! Juntos podemos fazer a diferença !

Nós que... saudades? 
nós que... acabávamos os trabalhos de casa à pressa para ir jogar à bola perto de casa.
nós que... eramos obrigados ao "guarda redes avançado" ou a "quem tiver mais perto defende".
nós que... obrigados a "guarda redes avançado" perguntávamos: "e passar de meio campo vale?" ... "sim, vale tudo!".
nós que... quando se faziam as equipas se fossemos escolhidos em primeiro sentiamo-nos verdadeiramente incriveis, os mais fortes de todos.
nós que... sendo escolhidos por ultimo estavamos destinados a ir a baliza. 

nós que... tinhamos sempre um apelido de um jogador importante para nos sentirmos mais fortes.
nós que... quem chegar primeiro aos 10 vence!
nós que... fingiamos não ouvir as nossas mães a chamar quando comecava a ficar escuro e depois havia sempre alguem que dizia "quem marcar ganha!" mesmo que o resultado tivesse 32-1.
nós que... vivemos o terror das botas caneleiras.
nós que... com uns adidas nos pés sentiamo-nos mais fortes que o PELÉ.
nós que... tinhamos aqueles outros ténis sem marca que além de não durar nada faziam ficar com os pés com bolhas.
nós que... sonhavamos com aquelas bolas lindas que viamos na televisao mas contentavamo-nos com o que houvesse.
nós que... percebiamos o sentido das camisolas alternativas quando viamos na Tv a preto e branco jogos como o boavista-moreirense.
nós que... os únicos ténis de marca só os levavamos em dias de festa e nem pensar em dar um chuto em qualquer coisa, senão era castigo certo por parte da mãe.
nós que... nao podiamos sentar-se em cima da bola senão ela ficava meloa.
nós que... tinhamos de deixar jogar o dono da bola mesmo que fosse uma nulidade e nem quisesse ir a baliza.
nós que... nao precisavamos de barra nem de imagens virtuais para perceber se tinha sido golo ou nao. "golo ou penalty" punha todos de acordo.
nós que... "falta um, posso jogar?" ... "epa nao sei, a bola não é minha..."(no caso do pretendente ser um mau jogador).
nós que... "posso entrar?" ... "sim,se encontrares um par,porque assim ficamos com um a menos".
nós que... reconheciamos os jogadores sem ser preciso ter os nomes nas camisolas.
nós que... o numero 1 era o guarda redes, o 2 e 3 os laterais, o 4 era o trinco, o 5 era o defesa central e o 6 o libero, o 7 médio direito, o 8 médio centro, o 9 o avançado, o 11 outro médio possivelmente do lado esquerdo e o 10 com uma faixa no braco era o organizador e capitão porque era o mais forte de todos.
nós que... para um jogador entrar na seleção nacional devia fazer no minimo 2/3 temporadas a alto nivel.
nós que... os estrangeiros eram no maximo 2 por equipa e conheciamo-los a todos. 

nós que... dormiamos com os autocolantes da panini debaixo da almofada.
nós que... quando abriamos os saquinhos esperavamos de não encontrar aqueles jogadores suplentes eternos que nunca jogavam.
nós que... viamos jogadores como o caccioli e nelo que pareciam mais velhos que os nossos pais. 

nós que... o futebol so viamos ao domingo a tarde e as quartas nas competicoes europeias, não todos os dias e a qualquer hora que as televisoes decidem.
nós que... se recordamos do domingo desportivo sem as fantochadas de agora e sem os programas com três ou quatro "entendidos" tipo seara cardoso e santana lopes.
nós que... praticamente não viamos publicidade durante os jogos.
nós que... não viamos patrocinios em tudo o que é espaco, camisolas, calçoes, meias, etc.
nós que... iamos à melhor amiga da rapariga que gostavamos e dizia-mos "pergunta se ela quer andar comigo" e ela no outro dia respondia "ela disse que ia pensar..." e depois pensava durante uma semana...
nós que... faziamos aqueles bilhetes do "queres andar comigo? sim... nao... talvez...
nós que... as balizas eram feitas com os nossos casacos ou com as mochilas.

nós que... estavamos sempre todos a horas nos locais combinados sem ajuda de telemoveis e aldrabices.
nós que... mesmo vivendo um pouco longe uns dos outros, saimos sempre de casa com a esperanca de encontrar os amigos ja na proxima esquina com a bola debaixo do braço pa irmos jogar.
nós que... aulas era mentira porque tinhamos de jogar e praticar muito para o torneio da escola onde iriamos impressionar as nossas "amadas".
nós que... infelizmente vemos as mesmas caras a frente dos clubes e liga e federações de que nascemos...
nós que... com o passar do tempo deixamos estes mafiosos de merda estragarem o nosso jogo, aquele sentimento puro e leal do futebol de entrega e coração em que um jogo era de 90 minutos jogados e não parados e de assistência a jogadores.

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