quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Contra o Futebol Moderno

Hoje trago-vos um texto publicado já à muitos anos (é um texto de Agosto de 2005) no blog Diário de um Ultra (já extinto, sem publicações desde 2010). Texto esse que foi escrito após o Ultra em questão ter visualizado o filme Fight Club. Esta é uma daquelas viagens marcantes das quais vocês partem sem máquina fotográfica e ficam sem tirar uma única fotografia, mas as memórias ficam para sempre gravadas na memória, será uma viagem para reflectires e que o teu subconsciente te dirá qual o caminho a seguir. Aqui fica o texto "Contra o Futebol Moderno"


"ladies and gentleman, please fasten your seatbelts, the cabine`s pressure has dropped below zero..."

Sejam bem vindos a uma viagem pelo futebol moderno. Uma viagem com algumas curvas e descidas rápidas e imprevistas. Talvez não seja segura e com curvas a mais, mas no estado das coisas, fá-la-emos inexoravelmente.
Apertem os cintos. Peguem nas coca-colas a três euros que vos vendem no estádio (apesar da vossa garrafa comprada no supermercado não poder entrar porque, afinal, vocês podiam atirá-la, não é verdade?) e imaginem por agora, que são adeptos do Farense daqui a - sei lá - quinze anos, estão nas distritais e vão jogar para a Taça (o Farense faz uma boa campanha e tal...) e calham com uma equipa de primeira divisão: o Algarve United. Os comandados do mítico Gazza têm um equipão. Vocês têm o Carlos Costa a treinador e onze juniores. Querem entrar no estádio Mac Donalds (fizeram até cartazes com "Invasão ao MacDonalds", inconscientes do rídiculo que tal seria nos anos 80), antigo estádio Faro - Loulé para abafar o estádio. Mas as coisas já não são como antigamente. Não há frases, não há estandartes, não há nada. Os adeptos do Farense já são poucos e a maioria não vai ao estádio. Os poucos que vão... são espalhados pelo estádio.
"Sector ospi...quê?!" dizem-vos os seguranças. Um na central, outro no topo, desculpem-me, enganei-me: um na bancada nokia, outro na singer e outros ainda - espalhados, claro - na siemens. Todos sentadinhos, quais cordeiros sedados. Vêm a vossa equipa levar 8 - 0 sem passar do meio campo e os que de vós já estão habituados a este "novo futebol" até aplaudem o golo de calcanhar que a estrela da equipa do A. United marcou.
Já enjoados com a viagem? A coisa mal começou...
Dispam agora essa camisola imaginária e vistam a do Manchester United. Perdão, Glazer United (afinal, avançámos no tempo, não foi?). As camisolas azuis (sim, porque a cor preferida do Glazer é essa e vocês não podem senão acenar aos caprichos do homem) brilham pelo relvado e até o melhor marcador da Premier League, o vosso querido Rooney, festeja os golos indo ao microfone do spekear: "Eu compro os produtos X - Glazer. Se queres ser como eu, fá-lo também!" Ah, como a criançada fica feliz! Os vossos filhos, muito antes de insultarem os adeptos do Arsenal que sofreram o golo pedem-vos, clementes: "Eu quero ter o produto X, Papá!" Mas logo alguém manda o puto sentar-se. Afinal, o golo é para se festejar só com umas palmas, sem reacções que tapem a visibilidade ao adepto atrás de nós. E apesar de tentarem explicar ao puto que foi golo no último minuto e que o Arsenal já não vai à fase final do torneio G8 (o mais prestigiado da altura, só para clubes com receitas de marketing acima de y milhões - torneio em que o Man Utd só entrou devido à contratação de um craque de publicidade), ele continua a borrifar-se para essas rivalidades que até lhe podem dar chatices na escola.
"Quero o 5º equipamento alternativo, Papá. O amarelo e roxo do Cristiano Ronaldo."
As tonturas consomem-vos, viajantes? A pressão está de facto muito baixa nesta cabine? Não acreditais no que vês? Mas e se fossem adeptos do Chelsea, tri - campeão europeu, com Mourinho ainda como treinador mas desta vez só com jogadores russos, com o primo de Abramovich já a guarda - redes? Já festejavam e congratulavam este futebol? Em que o jogo pára para se ver se foi fora de jogo e onde há 11 substuições para cada lado e descontos de tempo que a pay - tv aproveita para por os patrocínios que estavam nas camisolas dos teus ídolos? É só uma questão de adaptação, não é? No fundo, aquilo que aconteceu ao Salgueiros jamais acontecerá ao teu clube e tu não podias ter ido à manifestação de apoio ao clube - apesar de ser o clube da tua terra - porque estiveste no banco a pedir um empréstimo para comprares o teu lugar anual. É chato, mas pronto, isso só acontece aos outros.
Vómitos? Então, caro adepto? Enjoado? Enojado? Parece inverosímil, não é? Parece um conto de terror que eu inventei, certo? Agora olha à tua volta. Vê o monstro que se apodera do nosso jogo a cada dia. Senti-lo? Vê-lo? A rir-se da tua religião, da tua fé que se ama símbolos parvos e insignificantes como faixas, nomes e cores das camisolas. Consegues vê-lo? Olha para ele a invadir-te a televisão, a comprar jogadores que vendem mais camisolas que o teu jogador da casa, e que lhe vai roubar o lugar porque é mais popular para as audiências.... Hoje perdes isto, amanhã aquilo e depois...
Vê bem como já te tiraram as tochas, como já te roubaram os três estrangeiros (e isto não é uma questão de xenofobia, é uma questão de não por os clubes ricos mais ricos e os pobres mais pobres!) e começam a puxar devagarinho os nomes dos estádios... Hoje perdes isto, amanhã aquilo e depois...
Olha como já há mais publicidade que propriamente camisola, como já tens que levar com quarenta panfletos de empresas patrocinadoras e já não tens um topo, uma central ou uma
curva, mas uma marca qualquer... Hoje perdes isto, amanhã aquilo e depois...´
Esquece as tardes de domingo mágicas e os velhos com rádio ao ouvido. Esquece as bifanas e as cervejas. Esquece isso. Hoje perdemos isto, amanhã aquilo e depois és tu. Depois são os adeptos a ser vendidos. Depois vamos ser nós a tranformar-nos. Vamos deixar os caxes em casa deixar porque podemos sempre comprar um na loja do clube. Vamos deixar as bandeiras porque eles dão-nos no estádio umas com o símbolo de um lado e um patrocinador do outro. Vamos deixar as faixas porque não significam nada num futebol sem visitante e visitado, sem derbies e loucura.
Amanhã somos nós. Amanhã somos nós que acabamos.
Por isso depois de vomitares e chorares de raiva, depois de suportares a dor, acorda e luta. Nem que estejas no Chelsea a ganhar, não podes concordar com isto.

Contra o futebol moderno!!

Novo grupo pelas bancadas da Póvoa?

O movimento Ultra Poveiro já conta com alguns anos em cima. Já teve em melhores fases, nomeadamente quando o Varzim andava pelas divisões de topo do futebol Português, mas a verdade é que agora apenas apoiam os verdadeiros, os adeptos que estão sempre com a equipa e não só nas vitórias e primeiras ligas.

Com a extinção da Brigata Alvi-Negra, surgiu, à mais de dois anos, um novo grupo, os Rapazes da Superior 1915 que tendem, com o tempo, a trazer de volta o orgulho Poveiro e o movimento Ultra que, apesar de adormecido na Póvoa, nunca foi esquecido. Durante estes 2 anos muitas foram as deslocações, tifos e tochadas realizadas pelos Rapazes que contam recentemente com uma nova vaga de Ultras.

Surge agora um novo grupo na Póvoa, grupo esse constituído por elementos das camadas jovens do clube que gostam deste nosso movimento e tentam, então, renovar a geração ULTRA no Varzim SC e apoiar o clube.


Nada melhor do que vos deixar com um testemunho na 1ªpessoa de um elemento deste novo grupo:

"Somos um grupo ultra de pessoal Nova Guarda ,dos 14 aos 18 anos (apesar de haver alguns miúdos que se queiram juntar). Somos constituídos maioritariamente por atletas da formação. Como sabemos que nem todos vamos chegar à equipa sénior apoiamos sempre os que lá estão a dar tudo pela nossa camisola! Somos recentes ainda, só temos 3 semanas.


Na primeira semana o Varzim defrontou o Vitória B, fomos muito bem recebidos pela malta Varzinista que acharam que fomos um bom incentivo para a equipa, apesar de termos tido alguma repressão policial por causa da pirotecnia.



Na segunda semana, tentamos arranjar um transporte para nos levar a Joane, conseguimos arranjar uma carrinha de 14 lugares e lá fomos 21 todos ao "molho". Foi um bom dia para a nossa claque, mesmo apesar de não ter sido um bom resultado da equipa. Houveram jogadores que nos elogiaram porque mesmo estando a chover torrencialmente, não desistimos de apoiar a equipa para chegar ao empate. A verdade é que chegaram ao 1-1!



Na terceira semana, já com material novo, foi um bom apoio mas a equipa não evitou a derrota."



Destaco destas fotos a última, pois certamente foi para eles um orgulho pintarem o símbolo do seu clube a pincel para o depois elevarem bem alto no sector em dia de jogo, ao invés de o mandarem imprimer numa qualquer reprografia.

Boa sorte e tudo de bom