segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Ragazzi - A Nova Guarda do Restelo

Já aqui à dias tinha apresentado um texto de um Nova Guarda da Fúria e me fez entender o quão é dificil ser-se do Belenenses. E isto porquê? O Belenenses já foi campeão nacional, é um histórico português mas que não atravessa os melhores dias. Os miúdos mais novos em Portugal, têm por norma ser do clube que ganha e, um pouco à imagem, por exemplo, do Estoril, os jovens da zona de Lisboa aponham Sporting ou Benfica, e fica complicado para a malta mais antiga chamar os miúdos para o Restelo ou Amoreira. Felizmente temos excepções e a malta mais nova da Fúria Azul começa a fazer um bom trabalho, recentemente surgiram os Ragazzi e com a ajuda da malta mais velha irão com certeza ajudar a dinamizar o grupo, chamar mais malta para apoiar o Belenenses e por consequência trazer de volta os grandes tempos deste grupo mítico.


Notas soltas - Villains

(...) Os meus irmãos, independentemente do que digam, não são fanáticos pelo futebol, na verdade, um deles até é do Man United, de modo que conta a sua própria história! O meu maior desentendimento com ele é o facto de quando o teu clube perde irá afectar o teu fim-de-semana, põe-te de mau humor, dificilmente quererás sair ou ler o que se diz nos jornais no dia seguinte, pelo menos isso é o que acontece comigo, no entanto com ele era sempre o mesmo:
"É apenas um jogo, Danny!"
Isso é uma treta, porque o Aston Villa é a minha vida, a minha vida desde à muito tempo. Os homens sempre se vão lembrar da sua primeira namorada, mas o Villa significa mais para mim do que qualquer escória que me tenha provocado com uns apalpões algumas semanas enquanto desperdiçava o dinheiro que tinha no bolso com ela. É simples: Tu nunca esqueces-te o teu 1º amor, pois não?
O meu 1º amor foi esquecido na antiga 3ªdivisão em 1972, no ano que ganhámos essa liga e onde o estádio foi o lugar de festejo para mais de 30.000 adeptos (...)

Livro Villains, de Danny Brown

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Diário de um ULTRA - Novembro de 96



ON THE ROAD OF... BRITAIN!

- Sábado, 8 horas da manhã, em férias. Eu encontrava-me já fora da cama, um motivo forte e válido?
- Futebol, pois é claro!
Não é fácil arranjar bilhetes para ver um jogo da "Premier League". Os clubes vendem-nos por temporada, poucos são os que não esgotam os ingressos antes de a época iniciar. Na noite anterior bem bebida em South Kesington (Bairro de Londres), o Jerry, um fan incondicional do Chelsea, um dos clubes londrinos, combinou comigo para o dia seguinteirmos procurar um "spear ticket", a única forma de ir ver o jogo é conseguir um bilhete de alguém que o tenha comprado e não possa ir ver o jogo, por isso convém ir de manhã bem cedo no intuito de o apanhar, que por acaso foi-me vendido ao preço que estava marcado, 20libras, aproximadamente 5contos (Hoje 25euros).
Sem querer parecer o "Gabriel Alves", os adeptos do Chelsea caracterizam-se por pertencerem na sua maioria à classe operária, com o seu aspecto "cogney", e de residirem na sua maioria nos bairros de Chelsea, South Kesington e Victoria.
Depois de ter conseguido o tão desejado bilhete, por volta das 11 horas, fomos trincar qualquer coisa e em seguida para um Pub, a 500metros do estádio, beber umas Guiness e falar, pois é claro, de Futebol. O Jerry contou-me o que mudou essencialmente no futebol inglês de alguns anos para cá. Uma das coisas que falámos foi dos dirigentes desportivos, e da maneira como eles conseguiram transformar a massa anónima do futebol em sociedades anónimas, um pouco o que aconteceu em toda a Europa (Espanha, Itália, França, etc...) e que mais tarde ou mais cedo vai acontecer em Portugal, como por exemplo o projecto do Sporting em que os adeptos deixarão de ser associacos clubísticos e passarão a ser sócios capitais.
Com o passar dos minutos o Bar encheu, e deixámos a conversa pois já se encontravam dezenas de adeptos a cantar e a "discutir". Estranho. Por segundos senti-me em casa, caí naquele lugar comum dos momentos antes dos jogos em que se canta a sair do autocarro e do comboio, se fuma mais um cigarro antes da explosão de ver a equipa a entrar em campo.
O Jerry já não aguentava mais, estava nervoso, decidimos então por nos dirigirmos para o estádio. Um metro antes começo a aperceber-me das famosas condições de segurança de que tanto se fala, como polícia montada, câmaras de video, e depois de se passar o primeiro cordão policial deixa-se de poder ingerir alcóol (o único aspecto negativo!).
O Stamford Bridge não se encontra na sua melhor forma, um dos antigos topos foi demolido e no seu lugar vai renascer uma bancada com instalações hoteleiras. Começaram os problemas para mim, um dos "Stuarts"(nome dado aos seguranças do clube, aqueles que nos resumos televisivos vemos de colete laranja) impediu-me de entrar com a máquina fotográfica, e lá tive eu de a ir entregar num dos carros fixos dos polícias.
Com o início do jogo iniciaram-se os cânticos, que ao contrário das nossas curvas surgem espontaneamente não sendo necessário nenhum desgraçado gritar no megafone até ficar roxo para que alguém cante um cântico durante alguns segundos. Tudo faz parte de uma maneira de estar na vida, é tão natural como o acto de respirar.
Dentro das quatro linhas, algumas caras conhecidas de todos os amantes do Futebol como por exemplo o avançado Vialli faziam as delícias dos espectadores tratando a bola por tu, extorquindo dos expectadores as mais fantásticas exclamações que alguma vez ouvi num estádio de futebol. No fim do jogo com o golo do empate os adeptos do Nottingham acordaram e lá estiveram uns minutos a fazer a sua festa.
O futebol inglês é mais do que um jogo, assemelha-se a uma religião primitiva, que imprime aos seus adeptos uma maneira muito peculiar de estar, como quem vai a uma celebração religiosa. Ainda encontramos a família no futebol, que se desloca ao estádio para adorar os seus Deuses. Não é por acaso que a camisola do Cantona por cima do número que o identifica diz "GOD". Não é por acaso que quem diz que o futebol é uma questão de vida ou de morte, diz mentiras, porque é muito mais do que isso, o Futebol Inglês continua num dos seus aspectos fiel aos primórdios, continua servilmente a ser uma grande celebração, onde o golo é pão da vida, passo o termo, orgasmos partilhados por uma massa que se identifica com as suas filiações clubísticas que expressa a sua maneira de estar na vida.
Acabando à la Fábio Bruno, pena que agora os ultras que pensam e fazem coisas úteis pelo movimento tenham que sentir vergonha pelo que fazem só porque alguns ultras preocupados em questões de estatística  da pedrada os incriminem por pensar e expressar a sua opinião. Pena é que não exista um Fabio Bruno em cada um de nós. Refiro apenas que um dos motivos de orgulho para qualquer adepto do Chelsea é a sua amizade com os adeptos do Glasgow Rangers, que é considerada a mais terrível das ilhas de Sua Majestade.

Pipa
Revista SUPER ULTRA, Novembro de 1996


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Dérbi Algarvio

O dérbi algarvio está vivo e recomenda-se. Do lado da casa um topo sul muito bem composto e com grande actividade, a correponder com um sector ospiti bastante preenchido e activo também.

Na entrada das equipas, destaque para o tifo apresentado pelos South Side, simples mas a dar um bom efeito e para a frase dos Bianconeros: "Abram alas para o líder".

Já com o decorrer do jogo, uma frase em jeito de alfinetada dos SS ao visitantes: Conseguiram fazer 70Km´s?!!"

A polícia, novamente a fazer das suas e a querer aparecer na fotografia, infelizmente só prejudicam o espectáculo.



2014


Ano novo, politiquices antigas...
Acabámos o ano com um clássico em Alvalade com uma casa a nível de assistência fraca para o jogo que era e parece que vamos entrar em 2014 com o dérbi do Minho a ter as mesmas semelhanças. Vejo por aí comunicados e mais comunicados, já se fala em "Guerra de bilhetes" (em relação ao preço) quando o que se deveria falar era se o estádio não seria demasiado pequeno para tantos adeptos. As direcções dos clubes hoje em dia parece que estão mais preocupadas em arranjar confusões e cortar relações entre elas do que propriamente ajudar o adepto/associado e principalmente beneficiar o espectáculo.
Mas enfim, falando de coisas boas e vendo o futuro com um olhar risonho, sei que quem vive esta vida a 100% neste novo ano continuará a seguir o seu clube onde quer que eles vá, na derrota ou na vitória, no caminho mais simplicado ou mais árduo, com maior ou menor dificuldade, nem que seja a ver o jogo e apoiar em cima de uma árvore ou de um qualquer monte espalhado por este nosso Portugal. Para quem ainda esta nas competições europeias, aproveite que é sempre uma experiência diferente e defenda as cores da nossa pátria com o máximo orgulho.
Tenho a esperança, de que as mentalidades cá por dentro vão-se um pouco alterando. De nada vale estarmos constantemente a utilizar o lema "Support your local team" se no jogo contra a equipa dita "grande" mudámos para a outra bancada. Vamos ter princípios e seguir o ideal de apoiar realmente a equipa da terra, esteja ela a lutar pela champions ou pela distrital, acreditem que seremos felizes à mesma e viveremos de forma mais emotiva.
Sabendo de antemão que a repressão vai apertar, não vamos deixar os nossos camaradas a lutar sozinhos, não desistam, percorram o caminho na mesma, sabendo que iremos ter sempre pedras no sapato, mas sempre que olharmos para o lado estarão lá os que dão tudo como/por nós e a motivação para fazer frente a quem nos quer deitar abaixo será ainda maior. Se mesmo assim "eles" nos tirarem tudo, uma coisa é certa que não tirarão: a nossa VOZ !
Feliz 2014 a todos