"Sempre fui adepto de futebol. Principalmente daquele futebol sem bola, e
com centenas de jogadores de cada lado. Conheci esse futebol estranho
para aí com 13 anos. Era um miudo calado e desamparado sem muitos amigos
que olhava de longe para aquelas partidas emocionantes de parte a parte
entre equipas bastante ruidosas que jogavam em tudo menos
num relvado. Passei muitos anos ate me aproximar delas. Tinha medo de
dizer aos meus pais quanto me fascinavam aqueles jogos e como os meus
colegas gozavam com a minha paixao, simplesmente observava , acumulando
dor e vontade de jogar. Diziam que costumava ter um ar triste e eu
negava, mas era verdade. Em 2010 formei a minha equipa, nada numerosa,
mas apaixonada, e um ano e meio depois , aproximei-me da equipa afecta
ao meu clube, com mais gente , e jogadores experientes de grande
respeito. Continuo um miudo desamparado coom poucos amigos e com grande
dor, tipica de puto adolescente : a dor de estar relegado para um mundo
aparte e condenado a nunca ser compreendido no que gosto e acredito nem
que desista e me entregue a um comum desejo mais adulto, ter filhos, um
emprego uma vida. Desamparado continuo eu, jogador de um futebol
diferente onde o campo é incendiado por mim e pelos meus poucos amigos
num grito de raiva contra quem nos provocou esta dor incessante. Oh, e
como é lindo o nosso campo a arder! Como é belo o nosso futebol , ou
melhor, a nossa vida. Viver apenas 90 minutos por semana é penoso, mas
mais penoso é viver 24 horas por dia de dor sem anestesia. Uma dor que
nunca se apagará mas que vou atenuando. Nunca pensei que fosses tanto
para mim, cara amiga. Deste-me o escape de vida existente em mim. Por ti
luto, por mim o faço pois sem a tua existencia teria morrido há muito.
Obrigado curva."
Ricardo Lourenço
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