sexta-feira, 2 de agosto de 2013

"Futebol sem bola"

"Sempre fui adepto de futebol. Principalmente daquele futebol sem bola, e com centenas de jogadores de cada lado. Conheci esse futebol estranho para aí com 13 anos. Era um miudo calado e desamparado sem muitos amigos que olhava de longe para aquelas partidas emocionantes de parte a parte entre equipas bastante ruidosas que jogavam em tudo menos num relvado. Passei muitos anos ate me aproximar delas. Tinha medo de dizer aos meus pais quanto me fascinavam aqueles jogos e como os meus colegas gozavam com a minha paixao, simplesmente observava , acumulando dor e vontade de jogar. Diziam que costumava ter um ar triste e eu negava, mas era verdade. Em 2010 formei a minha equipa, nada numerosa, mas apaixonada, e um ano e meio depois , aproximei-me da equipa afecta ao meu clube, com mais gente , e jogadores experientes de grande respeito. Continuo um miudo desamparado coom poucos amigos e com grande dor, tipica de puto adolescente : a dor de estar relegado para um mundo aparte e condenado a nunca ser compreendido no que gosto e acredito nem que desista e me entregue a um comum desejo mais adulto, ter filhos, um emprego uma vida. Desamparado continuo eu, jogador de um futebol diferente onde o campo é incendiado por mim e pelos meus poucos amigos num grito de raiva contra quem nos provocou esta dor incessante. Oh, e como é lindo o nosso campo a arder! Como é belo o nosso futebol , ou melhor, a nossa vida. Viver apenas 90 minutos por semana é penoso, mas mais penoso é viver 24 horas por dia de dor sem anestesia. Uma dor que nunca se apagará mas que vou atenuando. Nunca pensei que fosses tanto para mim, cara amiga. Deste-me o escape de vida existente em mim. Por ti luto, por mim o faço pois sem a tua existencia teria morrido há muito. Obrigado curva."

Ricardo Lourenço

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