terça-feira, 18 de setembro de 2012

Entrevista Ultras Resistência

Hoje inicío aqui uma nova rúbrica: Entrevistas !
Para começar, convidei o grupo Ultras Resistência, grupo de apoio ao Real Sport Clube, de Massamá. Grupo este constituído na sua maioria por malta jovem. Sem mais demoras aqui fica a entrevista na íntegra:



Quando foi fundado o grupo e o porquê da sua fundação?

- O Grupo foi fundado em 2010 no seio de uma escola secundária da nossa terra, massamá : a Stuart Carvalhais. No inicio não era mais do que um grupo de alunos que apoiavam o núcleo de hóquei da escola, acontece que a coisa foi evoluindo e surgiu a necessidade de seguir a verdadeira Mentalidade Ultra (Support your local football team) e começar a ir aos jogos do clube da nossa terra além dos jogos da nossa escola. Acontece que no inicio deste ano houveram alguns problemas que não vale a pena serem falados aqui que nos obrigaram a abandonar os jogos da nossa escola , o que fez com que o grupo se tornasse 100% afeto ao Real Sport Clube.
 

O núcleo é restrito ou qualquer pessoa pode pertencer ao mesmo?
- Qualquer pessoa que esteja disposta a defender o grupo e o clube, apoiando-o incondicionalmente jogo a jogo é muito bem vinda a esta família.


Actualmente o grupo conta com quantos membros? Normalmente, todos eles seguem o RSC para todo o lado?

- Isto é uma pergunta difícil de responder. Inscritos como sócios da claque somos por volta de 10, embora membros rondem os 15-20. Acontece que nem todos seguem o Real para todos os jogos, sendo que temos uma média de 12-15 pessoas por jogo. Claro que existem um grupo de membros mais fiéis que além de irem a todos os jogos estão sempre disponíveis para ajudar seja no que for.

 

Actualmente estão na 3ªdivisão, a malta tem outro clube de coração ou apoiam o vosso clube a 100%?

- Todos amamos o Real SC, mas claro que temos as nossas preferências clubísticas. Mas obviamente isso não se mistura, temos dois membros na direcção : um sportinguista, outro benfiquista, apenas para dar o exemplo….

 

Como é o vosso relacionamento com o resto dos associados do clube?
- Como em todos os clubes, há gente que nos apoia e gosta do que fazemos, outros que não tanto. Nós fazemos o que temos a fazer e somos imunes a opiniões de fora.

 

Acompanham também as modalidades ou apenas o futebol?
-Actualmente o Real só tem Futebol , ginástica, nataçao (sem competiçao) e kickboxing, pelo que temos seguido apenas o futebol.

 

Como é o vosso relacionamento com os outros grupos? Têm alguma rivalidade ou amizade com alguém?

- Nos tempos do hóquei da stuart tínhamos uma rivalidade muito forte com o Paço D’Arcos, mesmo antes do grupo ser fundado, um Stuart x P.A. era sempre um jogo tenso. Intensificou-se com a nossa fundação, mas desde que fomos obrigados a abandonar o pavilhão da nossa própria escola, não creio que haja algo suficientemente significativo que se possa chamar de rivalidade. Temos amizade com a Perigosa 14, Ultras Alhandra.
 

Pelo que sei, o grupo é composto na totalidade por malta jovem, como foi para vocês ingressar neste mundo sem qualquer tipo de conhecimento sobre o mesmo?

-Não é bem assim. Muitos dos nossos são em paralelo membros de outros grupos, nomeadamente do Sporting e Benfica. Posso dizer que quando começámos a frequentar as bancadas do Real já tínhamos algum conhecimento deste mundo, claro que reduzido comparando a muitos ultras mais velhos que nós, mas não éramos totais “leigos” na matéria, pelo que acho errado dizer que entrámos no mundo ultra sem qualquer conhecimento… Com o tempo vamos aprendendo cada vez mais sobre o mundo ultra e transmitindo a informação aos membros que não tem tanto contacto com este mundo no dia-a-dia.




Têm material próprio? Feito à mão?
- A nossa mentalidade passa muito por isso : fazer material à mão. Temos uma ou outra coisa mandada fazer mas a maior parte do nosso material é feita á mão. Sinceramente, a titulo pessoal dá-me tanto prazer os dias de jogo como os dias a fazer material. O convívio, os borrões de tinta, os “desenrascanços” quando algo não corre como planeado… tudo isso para mim é a verdadeira mentalidade Ultra que devemos todos seguir, daí termos tanta coisa feita á mão.

 

Acham que esta juventude que começa a aparecer nas curvas vai conseguir elevar para outro patamar o movimento Ultra Nacional?
- Sou muito pessimista, como jovem ultra que ainda agora está a dar os primeiros passos neste mundo, não acredito que seja possível voltar aos míticos anos 80-90 devido a vários factores como as leis, as novas medidas de segurança, a própria crise e o preço dos bilhetes, o abandono de muitos “pioneiros” que faziam falta às curvas , a repressão cada vez maior e sobretudo a falta do sentimento e das velhas maneiras dos tempos áureos deste movimento. No entanto, acho que existem novos valores com boas ideias, mentalidade e muita paixão que são o futuro do movimento ultra e podem sim elevar este mundo para um novo patamar, embora nunca igual aos tempos da velha escola. É pena que muitos veteranos se recusem a aceitar esta realidade e muitas vezes a nova guarda tenha que aprender sozinha….

 

O vosso grupo sofre ou já sofreu algum tipo de repressão? Seja da parte da direcção do clube ou mesmo policial..

- Infelizmente sim. Foi mesmo essa a principal razão que nos fez abandonar os jogos da nossa escola. A direcção do núcleo de hóquei em patins que tanto apoiámos utilizou todos os meios para nos afastar. Antes de mais, fazendo uma completa lavagem cerebral aos jogadores de forma a que ninguém gostasse de nós. Depois vieram as coisas piores... não nos deixaram meter faixas por dentro da tabela, confiscaram-nos material (como o tambor e o megafone), nunca tivemos transporte disponibilizado para os jogos fora, foi-nos dito para não aparecermos, o nosso nome foi quase que "proibido" e pirotecnia nem ve-la á excepçao do nosso 2º aniversário, enfim, um leque imenso de muitos e muitos mais casos de repressão que existiram, alguns mais graves que nem vou referir nesta entrevista. Não sei se podemos chamar a isto tudo "repressão" mas no fundo foram utilizados todos os meios, quer pressão psicológicas a nós e aos nossos pais como proibição de material (até a nossa própria faixa) e todo o tipo de formas de dificultar o nosso "trabalho". Tudo isto levou-nos a fazer um comunicado oficial que anuncia o nosso abandono dos jogos da Stuart, à nossa escola, e a dedicaçao a 100% ao Real SC que pode ser visto na nossa página oficial. Quanto á policia, nao temos razões de queixa, nunca sofremos repressão policial felizmente.
 
 

Alguma consideração que queiram fazer sobre o vosso grupo ou no geral?

- Acima de tudo, sejam verdadeiros e não se deixem influenciar nem pressionar por ninguém. Sei que por vezes é difícil ser compreendido, quer pelos amigos, outros adeptos, dirigentes, pais, polícia etc. mas se amas o teu clube e o teu grupo, lembra-te que Resistir é Vencer. E acima de tudo não te esqueças : NÓS SOMOS O FUTURO.

 

Muito obrigado por me concederem esta entrevista, tudo de bom para o grupo e fico-me pela vossa última frase: Não se esqueçam que nós somos o futuro !

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  2. " Actualmente estão na 3ªdivisão, a malta tem outro clube de coração ou apoiam o vosso clube a 100%?

    - Todos amamos o Real SC, mas claro que temos as nossas preferências clubísticas. Mas obviamente isso não se mistura, temos dois membros na direcção : um sportinguista, outro benfiquista, apenas para dar o exemplo…."

    Enquanto assim for, nunca conseguirão ser verdadeiramente ultras...
    Mudem a vossa mente enquanto podem e cresçam "saudáveis" apoiando única e exclusivamente o vosso clube. O verdadeiro ultra só tem espaço para um clube, o clube do seu coração.

    Saudações ultras,

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